- VIDA E OBRA :
O artista começou a estudar pintura em Munique – nesta época considerada como um centro artístico -, na escola de Anton Ažbè, mas Kandinsky desencantou-se com esta prática artística, pois tinha uma predileção especial por paisagens. Suas primeiras obras refletiam um toque musical e expressavam também temas do folclore russo. Nesse período, Kandinsky conheceu o pintor Paul Klee, dando início a uma grande amizade. No ateliê do Professor Von Stuck ele permanece até 1900; um ano depois o artista funda a Phalanx (Falange), um grupo de artistas, entre eles Stern, Hüsgen, Hecker e Klee. Pouco tempo depois esta associação encerra suas atividades por carência de alunos, mas suas sementes frutificam posteriormente com o nascimento da Nova Associação dos Artistas de Munique (NKVM). Nesta mesma ocasião, Kandinsky inova ao pintar sobre vidro, técnica inspirada na cultura da Bavária.
Na etapa ainda figurativa do artista, a tela “O Cavaleiro Azul (1903)” reproduz um personagem dos contos de fadas, imagem muito comum na infância de Kandinsky, simbolizando o combate entre o bem e o mal, luta e transformação. Este tema se repete nesta fase do pintor. Em 1908, retorna a Munique, onde edita o ensaio “Do Espiritual na Arte”, em 1911, no qual apresenta a arte como expressão de um imperativo interior. Nesta década, o pintor realiza os primeiros trabalhos não figurativos, tornando-se assim o primeiro artista no Ocidente a criar uma pintura abstrata. Ele libera as artes plásticas das cadeias convencionais a que elas se prendiam. Com sua atitude inovadora, influencia profundamente não só esta esfera, mas vários outros setores artísticos.
Em 1912, a famosa tela acima citada dá nome a um almanaque – Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul) – e ao primeiro grupo expressionista, de teor lírico, comparado ao caminho mais dramático do grupo Die Brücke, também expressionista. Durante a Primeira Guerra, o artista refugia-se na Rússia, até 1921. Assim, é testemunha da Revolução Socialista, e como membro integrante do Comissariado para a Cultura Popular inaugura vários museus e reconstitui a Academia de Belas Artes de Moscou. A partir de 1922, Kandinsky se torna professor da Bauhaus. Porém, em 1933, esta é fechada pelos nazistas e os trabalhos do pintor são apreendidos em 1937.
Kandinsky foge então para a França e vive em Paris durante um ano, adotando depois a nacionalidade francesa. Nesta cidade ele toma contato com as artes aplicadas – estilo artístico de teor utilitarista, contraposto à arte pela arte – e gráficas, especialmente com o fauvismo, movimento que explora ao máximo o uso das cores nas representações pictóricas. Em Paris, como consequência dos tempos de guerra, Kandinsky sofre com a penúria destes tempos, mas não perde o vigor artístico e prossegue em suas pesquisas. Sua obra, porém, não reflete os vestígios da guerra.
Em 1940, o artista conclui a execução de seu último grande trabalho, “À Volta do Círculo”. Kandinsky continua a pintar pequenos cartões, apesar de estar acometido por uma arteriosclerose, da qual vem a falecer no dia 13 de Dezembro de 1944, em Neuilly-sur-Seine, aos 78 anos de idade.
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